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terça-feira, 7 de abril de 2015

Como os adultos oferecem modelos de esquemas(crenças) desadaptativos/disfuncionais para as crianças


Ter uma criança sob cuidados, seja como pai, mãe, avós, tios, professores é uma tarefa de muita responsabilidade. Em geral, quando pensamos em responsabilidade nos remetemos automaticamente para os cuidados com a saúde, segurança, educação, lazer, entre outros.
Entretanto, há uma responsabilidade e um cuidado, em geral, pouco reconhecido e valorizado relacionado ao modo como reforçamos a formação de esquemas ou crenças para as crianças. Como já sabemos, não adianta recomendar fazer o que se diz e não fazer o que se faz. Os esquemas dos adultos são fortes e determinantes referências para a formação dos esquemas que se formam na infância.

Mas, afinal, o que são esquemas?
O esquema é a lente pela qual vemos o mundo, ou seja,  são o conjunto de crenças que influenciam os  pensamentos e as emoções sobre o indivíduo e sobre o mundo. 
Os esquemas ou crenças podem ser adaptativos ou funcionais quando nos favorecem, contribuindo para uma percepção ampla e clara de nós mesmos e do mundo; ou desadaptativos ou disfuncionais, quando fecham e limitam a nossa percepção, como verdades absolutas inflexíveis à questionamentos e mudanças. É como aquele sapato que é pequeno e não serve no pé, mas o indivíduo não reconhece que necessita de sapatos  maiores. Seu movimento passa a ser de encolher os dedos ou até mutilá-los para continuar com os mesmos sapatos, ou seja, garantir a perpetuação do esquema.
Essa influencia do esquema é inconsciente, o que faz com que o indivíduo não consiga desafiá-lo e confrontá-lo de maneira racional. Os pensamentos e sentimentos se tornam disfuncionais a medida que os esquemas influenciam de modo negativo, automático, e desencadeiam reações ou comportamentos de evitação à determinadas situações.

Os esquemas são identificados no processo terapêutico, podendo assim se tornarem conscientes e manejados racionalmente, tornando-se mais adaptativos e funcionais, permitindo assim o enfrentamento e superação de determinadas situações limitantes.
Essa é a base do tratamento. Entretanto, podemos falar também e especialmente de prevenção.

A prevenção de esquemas desadaptativos ou disfuncionais se dá a partir das pessoas significativas que participam do processo de formação da criança, principalmente seus pais, familiares e professores.

Como alguns comportamentos dos adultos influenciam na formação de esquemas desadaptativos ou disfuncionais?
  • Privação emocional: a criança vive o abandono afetivo. Não tem suas necessidades emocionais primárias supridas (afeto, proteção, empatia, cuidados).      Esquema/Conseqüências: crença na incapacidade de ser amada por outra pessoa.
  • Abandono/instabilidade: a criança vive a inconstância no suprimento de suas necessidades básicas. Vivencia oscilações e perdas freqüentes e significativas seja de pessoas, relacionamentos, coisas, etc. Esquema/Conseqüências: crença que sofrerá uma perda iminente. Sentimento de que não adianta investir, pois vai perder.
  • Desconfiança: a criança vive situações de abuso físico e/ou emocional  no ambiente familiar ou escolar. Esquema/Conseqüências:  crença de que será passado pra trás. Desconfiança na intenção das pessoas. Comportamentos defensivos e de ataque antecipado.
  • Vergonha: a criança é constantemente criticada pelos adultos significativos. Esquema/Conseqüências: crença de não ser digno de amor e de coisas boas. Dificuldades  para receber feedback positivo.
  • Fracasso: a criança vive a carência de apoio e incentivo para realizar suas atividades e frequentemente é desprezada e rotulada de incapaz. Esquema/Conseqüências: crença de incapacidade. Para não fracassar nem tenta.
  • Dependência/incompetência: a criança não é estimulada a ser independente e a confiar em sua capacidade de cuidar de si mesma. Esquema/Conseqüências: crença de incapacidade e incompetência em sua autonomia. Dependência dos outros. Dúvidas e indecisão quando tem que fazer escolhas.
  • Vulnerabilidade a danos e doenças: a criança convive com adultos ansiosos que passam a idéia constante de que o mundo é um lugar perigoso. Esquema/Conseqüências: crença de que o mundo é um lugar perigoso e que precisa se proteger. Ansiedade. Pensamentos disfuncionais (automáticos e catastróficos). Preocupações excessivas. Comportamento evitativo.
  • Subjugação:  a criança vive com adultos controladores que não lhe permitem expressar seus desejos e sentimentos. Esquema/Conseqüências: crença na necessidade de ser controlado pelos outros a fim de evitar problemas. Medo de ser rejeitado se não agradar os outros.
  • Autosacrifício: a criança convive com adultos  com problemas de saúde, alcoolismo, etc. necessita cuidar de si ou de outros desde muito cedo. Esquema/Conseqüências: crença de que as necessidades dos outros são  mais importantes que as suas. Sentimento de culpa quando presta atenção nas próprias necessidades.
  • Inibição emocional: a criança é encorajada a conter as emoções para não correr o risco de perder o controle. Esquema/Conseqüências: crença que algumas emoções, como a raiva, são perigosas, por isso, devem ser inibidas. Sua expressão representa risco para a imagem pessoal, pois pode levar ao descontrole, impulsividade e rejeição. Contenção emocional e perda da espontaneidade.
  • Inflexibilidade/crítica:  a criança convive com adultos que nunca estão satisfeitos com o que ela faz. Condicionam afeto a um desempenho excepcional. Esquema/Conseqüências: a crença de insuficiência, ou seja, nada do que faz é suficientemente bom. Sempre deve se esforçar mais. Ênfase em valores como status, poder e riqueza em detrimento de valores como interação social saúde ou felicidade.
  • Merecimento/grandiosidade:  a criança convive com adultos permissivos e que falham na colocação dos limites sociais. Pode estar sofrendo de privação emocional. Esquema/Conseqüências: crença de que a pessoa poderia fazer, dizer ou ter tudo o que quisesse , independente do que isso poderia causar aos outros. Desinteresse na necessidade dos outros.
  • Autocontrole ou autodisciplina insuficientes: a criança não recebeu modelagem dos pais para autocontrole e recebeu disciplina insuficiente. Esquema/Conseqüências: crença na incapacidade de conter impulsos e emoções. Intolerância à frustração. Quando a falta de autocontrole é extrema há risco de comportamentos criminosos ou aditivos.




Young, Jeffrey E. – Terapia cognitiva para Transtornos de Personalidade: Uma abordagem focada em esquemas – Artmed, 2003.
http://noranadirsoares.site.med.br/index.asp?PageName=esquemas-cognitivos-mal-adaptativos

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